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A mostrar mensagens de 2019

In the end

          In the end, I’m just waiting for the other shoe to drop. All the damn time.           Tenho uma certa imaginação. E bastantes desejos por concretizar (e vontade de o fazer). Se tivesse uma grande paciência e capacidade de lidar com a frustração, poderia ter desenhado ou escrito, ou algo entre os dois, a minha vida ideal – todas as coisas que desejo experienciar, lugares para visitar, pessoas a conhecer. Um diário do meu eu futuro. Mas não sou muito disso. De imaginar sim, e de tentar ter planos e desenhos bonitos do futuro. Mas estes não se tornam realidade, ou melhor, é muito difícil tornarem-se realidade. E eu não tenho paciência para acompanhar ou terminar planos de grande duração.           Sou uma pessoa bastante normativa no que diz respeito aos meus desejos. Mas por outro lado temos o meu perfecionismo e a máxima que guia a minha vida (e com máxima não estou a falar de frase poética inspiradora, estou antes a falar de uma das principais bases motivadoras do meu comp

Corta o cabelo II

          Estive a olhar para o passado e fiquei com nostalgia e vontade de volta ao momento de viragem, o momento de mudança, de cortar o cabelo curto e avançar com a vida, diferente e mais leve. A sensação de que por muito que tivesse ficado para trás haveria sempre novas aventuras, descobertas e esperança. A sensação de que me consigo reinventar a cada passo e volta e que não fui derrubada, não me deixei ficar. E tenho vontade de o fazer novamente - cortar o cabelo como quem corta o peso dos arrependimentos e como quem deixa a dor para trás. É que ultimamente a dor tem-se agarrado a mim como tentáculos pegajosos que não despegam, mas pesam e me arrastam. É que nestes meses tem sido difícil dar passos sem calcular ou pensar ou analisar demasiado, sem duvidar de mim mesma. É como se, de repente, tivesse acrescentado um peso ao meu peito e às minhas pernas, que me dificulta a caminhada.           Mas desta vez não quero sair de mim mesma, não quero destruir quem fui ou deixar-me para

Desculpas - Uma viagem inesperada III

          Quando decidi traçar uma linha e atribuir importância a um determinado acontecimento da minha vida não queria que ele se tornasse numa estrela (ou será melhor dizer constelação?) sobre a qual oriento e defino toda a minha vida atual.           Quase como se tivesse criado uma fotografia do momento e uma memória congelada das emoções e tudo o que sou hoje e decido e faço, coloco-o em comparação com a minha imagem congelada na linha.           Não queria muito ter um evento traumático sobre o qual me apoiar, qual bengala, como desculpa para tudo o que faço agora. E ao mesmo tempo, adoro-o, porque significa que não sou eu que não sou boa, significa que fui estragada pelas "circunstâncias da vida" (expressão mais vaga era impossível). É como se tivesse finalmente arranjado uma desculpa para todas as minhas falhas ou más decisões. É como se pudesse ser finalmente desculpada.           Posso ser desculpada? Tenho desculpa? Ou invento desculpas?           Toda esta jor

Direções - Uma viagem inesperada II

          Quando penso em começar uma inesperada penso em sair de casa, em percorrer um caminho conhecido, dando os primeiros passos com confiança, até chegar a um lugar que nunca percorri mas continuar mesmo assim, com ritmo e vontade. Penso em caminhar para além do que conheço, sempre em frente, sozinha com uma mochila às costas e um bastão nas mãos.           Quando me imagino nesta jornada não penso em me perder totalmente, em andar às voltas, em desistir ou voltar para trás. Não penso em ficar parada, acampada, durante anos no mesmo lugar. Mas sim em caminhar sem parar durante muito tempo, em seguir em frente, em seguir confiantemente, aprendendo sempre algo novo, crescendo sempre mais. É uma pena que esta viagem que estou a começar não seja assim. É pena que a vida não seja assim - linear.           Tenho de confessar que não tracei nenhum plano para esta viagem - e é fácil imaginar o meu horror por não ter um corrimão onde me agarrar ou uma estrela no céu por seguir, e por iss

"Não sei por onde começar" - Uma viagem inesperada

        Quero traçar uma linha direita e definitiva. Existe um eu de há um ano atrás e existe um eu diferente agora, neste dia, neste momento. E existe um dia, uma tarde de sol, em que me sentei num banco de jardim, depois de um perfeito de praia, e senti que o mundo tinha parado de girar ou que tinha sido eu a começar a girar no sentido contrário ao do mundo. Uma linha, como um marcado, que sinaliza aquele dia, aquele momento como uma transição.         Não gosto de ações, decisões ou palavras de outras pessoas me definam e, no entanto, nem sempre me posso afastar deste defeito  do que é ser humano. E nesta tarde cai ao chão e permiti que decisões que outros tomaram me definissem mais fortemente que qualquer outra coisa. Durante muito tempo carreguei este dia como uma legenda de quem era, do que tinha realizado, e mesmo agora continua a ser a linha a partir da qual me defino, julgo e avalio. Daí a linha definitiva - não vale mais a pena fugir ou tentar fingir que não aconteceu, não v

O Fim do Mundo

Uma amiga desafiou-me a pensar o que seria para mim o fim do mundo e imediatamente comecei a tentar definir: estaríamos a falar de um momento? de um lugar? de um acontecimento ou situação? O que é que era suposto representar o fim do mundo? Curiosamente, nenhum dos conceitos que me passavam pela cabeça estava imediata ou literalmente relacionados com finais ou términos. Entre as minhas ideias estiveram presentes a imagem de uma escada em caracól infinita, uma aldeia abandonada, uma rua deserta, um cemitério, a cegueira de alguém, o som de uma forte queda de água, um sentimento de vazio, de perda. Conceitos tão negativos e escuros. Então decidi aprofundar este conceito. O que é o fim do mundo para mim pessoalmente? Não penso imediatamente em destruição, mas antes em vazio ou ausência: ausência de cor, de vida, de sentimento, de Amor. O fim do mundo para mim é quando as pessoas passam sem se verem ou tocarem. O fim do mundo para mim é quando alguém vira o rosto à misericórdia. O

2019

O ano que terminou deixou-me com a cabeça à roda. Foram muitas mudanças bruscas e inesperadas. Algumas dolorosas, outras eu festejei, mas no fim o ano terminou e eu fiquei com mais um capítulo escrito, mais fotografias tiradas, mais uns músculos desenvolvidos. No final do ano percebi que todos os momentos de alegria não tinham sido vividos sózinha, e que todas as lágrimas não era vazias. Descobri muitos detalhes novos no meu reflexo e muitas vezes me perdi sem vontade nenhuma para me encontrar. Acho que ainda sou uma miúda perdida, no meio da vida adulta, sem um lugar no mundo. E muitas vezes esqueci-me que não há problema em me perder, em não saber o meu lugar, que não tenho de ter a vida resolvida neste momento. Então escrevi as minhas resoluções/lembretes para este novo ano: 1) É um caminho. Não vai ficar tudo bem amanhã. 2) Não desistas. Não vires a cara. Não te sentes no sofá com os teus medos e os "e se?" 3) Exercício! Exercício! Exercício! 4) Caminha com convi