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A mostrar mensagens de 2018

Ódio

Imagino uma esfera imperfeita de vidro com espinhos de vidro: rijo, transparente, isolado, algo bonito e ao mesmo tempo ameaçador. Os espinhos tão afiados que as suas pontas são difíceis de focar. Quando alguém lhe pega o espinhos penetram a pele como se de água se tratasse. E o sangue a manchar a esfera, o contraste das cores, da perfeição imperfeita, limpa, pura e branca, com a pele humana e frágil, é de cortar a respiração. É fascinante, é bonito, e ao mesmo tempo é como que errado de apreciar. Dor, amor, ódio e desejo.

Meaningless life

Esta é a descrição do que sinto neste momento. Uma vida sem sentido. Sem significado. Os dias despidos, vazios de cor e emoções. Um coração de pedra que anseia pela solidão e isolamento. Um sorriso sem sentido e sem vontade. Os olhos azuis, não de vida ou beleza, mas de um deserto de gelo. É como estar fechada numa redoma de vidro, sentada no chão sem vontade de me mover. Nem as fronteiras da minha redoma explorei ainda. A ver cada dia a passar sem lhe dar um significado especial, com os dias a passar demasiado depressa e toda a capacidade de fazer algo significativo a perder-se. O mundo corre à minha volta sem mim, sem que eu o consiga tocar. Como se cada vez que piscasse os olhos passassem horas, dias. E eu sentada no chão da minha redoma, sem tocar ou ser tocada por algo ou alguém. Não existe muito que me deixe genuinamente feliz e os meus olhos estão secos. E a gratidão pela vida desapareceu. Persiste a solidão e o vazio que sinto no peito. Persiste a dor de uns braços vazi

Pele

Existem poucas sensações no mundo comparáveis à de ter uma folha branca, lisa, nova, à minha frente, à espera de ser marcada. Aquele instante antes de romper o vazio e a possibilidade infinita. Uma folha, uma tela ou mesmo um carderno, todos à espera que os marque, todos por definir. O respeito que inspira uma folha assim, a expectativa sobre o resultado, a excitação do poder de decisão, de controlar... Existe, no entanto, uma folha em branco que eu não trato dessa forma. Posso dizer que talvez seja a folha mais preciosa da minha vida. Uma folha nascida lisa e perfeita, uma folha nascida para ser marcada, para contar uma história, e para ser cuidada e acarinhada: a minha própria pele. Desejo fervorosamente voltar atrás e ter a folha lisa e branca, cheia de potencial, sentir novamente o poder, o controlo sobre ela. Desejo poder apagar todos os erros e palavras riscadas, todas as linhas tortas e inseguras, os rasgões, manchas e ... Sabem aquele projecto, aquele desenho que não gostara

Presa

Ser a princesa ou o dragão? Tenho uma lista de coisas que quero ser, que me quero tornar. Chama-se "A Margarida deve ser" e cada vez que alguém me diz que eu não estou a preencher um dos itens que me tornariam muito mais próxima da perfeição (e portanto da felicidade), o meu coração rasga-se um pedacinho. Acho que até me faz bem ouvi-lo: "tu não és perfeita, tu não consegues tudo o que desejas, tu não és a porra de uma personagem que imaginas, escreves e vives". É isso mesmo que eu desejo, ser perfeita, o máximo que conseguir. Manter as coisas na posições corretas, ter a postura e o aspecto mais adequado, bem como as reações, ser o que as pessoas esperam de mim, não perceberem em mim falhas, defeitos ou faltas. Imagem engraçada esta que tenho na minha cabeça. Penso que se mantiver tudo o que está sob meu alcance com rédeas apertadas conseguirei, não sei exatamente o quê, mas talvez ser o mais "intocada" possível. Por isso é que eu odeio pessoas. Porqu

Não, não está tudo bem

Estamos em Agosto, um dia quente, fechado, de trovoada. Os verões sempre foram para mim tempos de corte, de mudança, de quebra de página., então sentir-me perdida, a vaguear sem rumo, neste verão, tem permitido praticar forte e ativamente (mais que qualquer outra coisa) a minha capacidade de fuga. Talvez tenha de colocar de lado esta necessidade de fuga pelo tempo que demorar a escrever este texto porque quero tentar ser o mais honesta possível. Existem demasiadas perguntas e dúvidas na minha cabeça. Algumas achei que sabia a resposta, outras nunca me tinha questionado e outras achei que estava a ultrapassar e bem, a resolvê-las. Posso estar super orgulhosa de mim por estes últimos 3 anos. Por ter passado um ano de merda e dois a ultrapassá-lo, a crescer, a sair de mim mesma e a tornar-me mais forte, mais eu própria, mais disposta a aprender sobre mim e a aceitar-me como sou. Bem, uma supresa dolorosa que estes últimos meses me trouxeram foi a sensação que eu não cresci porra nenh

O que é o essencial?

Não resisti a uma mudança. Não consigo aguentar muito tempo com as coisas iguais. Uma mudança básica impulsiona outras coisas a mudar, cria o entusiasmo e a vontade, e estimula a criatividade. Se antes o meu tema era uma manta de retalhos meio que enjoativa agora é um tema simples e super básico, quase despersonalizado. Porquê? Perdi a minha identidade? Perdi o que me diferenciava? Não! Nem por sombras! (acho que nunca farei parte da norma. mas isto é um assunto a ser discutido mais tarde) Só acho que em determinados momentos da nossa vida perdemos de vista o que é verdadeiramente importante ao estarmos fixados em enfeites e luzes brilhantes. Deixamos de prestar atenção ao Caminho e passamos a passear perdidos pelo mundo sem qualquer rumo, meio anestesiados. Existem demasiadas luzinhas brinlhantes e superficiais na minha vida, a puxarem-me e a tentarem-me para sair do meu Caminho e viver anestesiada, sem pensar, sem avançar, sem crescer ou contribuir. Neste momento não estou totalm