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A mostrar mensagens de junho, 2014

O Início

Era uma vez um sol. Estava brilhante e cheio de cor. Não conseguia simplesmente olhar. Um sol cheio de calor e de raios de abraçar. O mar salgado refrescava o meu rosto e ar puro cheio de maresia fez-me esquecer tudo quanto me tinham feito, todas as minhas lembranças e motivos. Queria ficar assim para sempre. De pé naquele imponente navio que rasgava as ondas e cujo o destino era apenas mais mar. Queria poder saber que nunca mais teria de por os pés em terra, que não me teria de preocupar com algo mais que dormir abrigada, apreciar a paz e manter-me fora do caminho dos marinheiros que se divertiam a dar lições aos desajeitados e a amaldiçoar as mulheres pela má-sorte que traziam. Apertei o cordão dourado ao de leve e senti o peso reconfortante da minha herança. Mas esse peso arrastou-me para a realidade e todas aquelas recordações dolorosas arrasaram-me. Vi-me num salão decorado de forma cuidada. Vi-me debaixo de uma mesa. E vi-os deitados no chão, afogados no seu próprio sangue,

Dança.

Existem momentos em que devemos dar espaço às pessoas. A tua família, ao teu amigo, a ti mesmo. Deves deixá-la passar uns momentos sem ti para que ela esqueça todas as regras e convenções sociais e possa fazer o que verdadeiramente a faça feliz. E devemos ficar magoados se essa pessoa se esquecer de nós nesse momento? Não, nós demos-lhe esse tempo, demos-lhe essa liberdade. Além de que tens todo o tempo que resta só para vocês. Tira uma tarde em que estejas só em casa. Mete uma música que não saibas a letra de cor, mas que te mexa. E dança. Dança como nunca dançaste na via. Livra-te de tudo e de ti mesmo. Das tuas memórias e das tuas mágoas. Dança o melhor (pior) que já alguma vez dançaste. Dança como nunca dançarás à frente de ninguém. Seres tu mesmo? Não. Deixa de pensar e deixa que a música te embale. Fecha os olhos, desimpede o espaço, e dança como nunca tornarás a fazer. Dança!