Mensagens

Paredes - Uma viagem inesperada IV

A parte mais triste do ano que terminou foi a parede que construí entre mim e os outros. Não todos, graças a Deus, mas a algumas pessoas que antes estavam tão perto, e a tantos outros a quem nem sequer dou a oportunidade de se aproximarem. É uma parede incrível, de vidro ou gelo, translucida. Está tão bonita. Quase parece que não existe. Quase. E ao mesmo tempo parece ser das minhas construções mais inteligentes. Vamos colocar as coisas racionalmente: Por um lado temos as conexões emocionais, a alegria e a dor simultâneas de ser vulnerável com os outros. As partilhas dos bons e maus momentos. A alegria e o amor sentido. São incríveis. Dão cor à vida, dão sentido e vontade. Depois existem aqueles momentos em que saímos magoados por colocar o nosso coração (uma parte tão importante mas tão frágil) na mão das pessoas erradas. Aqueles momentos em que as pessoas o rejeitam, partem ou simplesmente o desconsideram. E é perfeitamente aceitável as pessoas aprenderem a não sair magoadas

In the end

          In the end, I’m just waiting for the other shoe to drop. All the damn time.           Tenho uma certa imaginação. E bastantes desejos por concretizar (e vontade de o fazer). Se tivesse uma grande paciência e capacidade de lidar com a frustração, poderia ter desenhado ou escrito, ou algo entre os dois, a minha vida ideal – todas as coisas que desejo experienciar, lugares para visitar, pessoas a conhecer. Um diário do meu eu futuro. Mas não sou muito disso. De imaginar sim, e de tentar ter planos e desenhos bonitos do futuro. Mas estes não se tornam realidade, ou melhor, é muito difícil tornarem-se realidade. E eu não tenho paciência para acompanhar ou terminar planos de grande duração.           Sou uma pessoa bastante normativa no que diz respeito aos meus desejos. Mas por outro lado temos o meu perfecionismo e a máxima que guia a minha vida (e com máxima não estou a falar de frase poética inspiradora, estou antes a falar de uma das principais bases motivadoras do meu comp

Corta o cabelo II

          Estive a olhar para o passado e fiquei com nostalgia e vontade de volta ao momento de viragem, o momento de mudança, de cortar o cabelo curto e avançar com a vida, diferente e mais leve. A sensação de que por muito que tivesse ficado para trás haveria sempre novas aventuras, descobertas e esperança. A sensação de que me consigo reinventar a cada passo e volta e que não fui derrubada, não me deixei ficar. E tenho vontade de o fazer novamente - cortar o cabelo como quem corta o peso dos arrependimentos e como quem deixa a dor para trás. É que ultimamente a dor tem-se agarrado a mim como tentáculos pegajosos que não despegam, mas pesam e me arrastam. É que nestes meses tem sido difícil dar passos sem calcular ou pensar ou analisar demasiado, sem duvidar de mim mesma. É como se, de repente, tivesse acrescentado um peso ao meu peito e às minhas pernas, que me dificulta a caminhada.           Mas desta vez não quero sair de mim mesma, não quero destruir quem fui ou deixar-me para