Paredes - Uma viagem inesperada IV

A parte mais triste do ano que terminou foi a parede que construí entre mim e os outros. Não todos, graças a Deus, mas a algumas pessoas que antes estavam tão perto, e a tantos outros a quem nem sequer dou a oportunidade de se aproximarem. É uma parede incrível, de vidro ou gelo, translucida. Está tão bonita. Quase parece que não existe. Quase.
E ao mesmo tempo parece ser das minhas construções mais inteligentes.
Vamos colocar as coisas racionalmente:
Por um lado temos as conexões emocionais, a alegria e a dor simultâneas de ser vulnerável com os outros. As partilhas dos bons e maus momentos. A alegria e o amor sentido. São incríveis. Dão cor à vida, dão sentido e vontade.
Depois existem aqueles momentos em que saímos magoados por colocar o nosso coração (uma parte tão importante mas tão frágil) na mão das pessoas erradas. Aqueles momentos em que as pessoas o rejeitam, partem ou simplesmente o desconsideram. E é perfeitamente aceitável as pessoas aprenderem a não sair magoadas outra vez, como daquela vez em que nos queimamos ou cortamos ou caímos. É perfeitamente natural que as pessoas não cometam os mesmos erros. Mesmo quando quem errou não foram elas. As paredes que construímos com os outros não são para nos separar. Não é para ficarmos indiferentes ou frios para com os outros. As paredes servem apenas para garantir que a chama não nos queima outra vez. As paredes significam apenas que por trás delas está um coração partido, está um coração demasiado frágil para aguentar outro golpe.
Por isso desculpem pessoas que afastei e pessoas a quem nem sequer dei uma oportunidade. Desculpem ter-vos magoado a vocês e desprezado a vossa (e a minha) capacidade de amar. Desculpem as decisões que tomei com medo em vez de amor. 
E um pedido de desculpas especial a mim mesma por não confiar em mim mesma, na minha capacidade de superar, de amar e ser amada. De ser bem sucedida. Por não confiar em quem sou. Por não acreditar em mim mesma.

Começou um novo ano. Começou o ano de me começar a perdoar, de começar a gostar e a aceitar quem sou. Feliz ano novo.

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